O Embaixador de Portugal participou hoje no VI Encontro Angola | Portugal Business Networking 2023 organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola (CCIPA), na antecâmara da FILDA 2023 – Feira Internacional de Luanda.
"As nossas empresas estão aqui para ajudar a fazer acontecer a mudança e darão resposta ao repto da diversificação económica. (...) Juntos vamos construir esse espaço de prosperidade partilhada e de desenvolvimento humano que todos ambicionamos. Os empresários portugueses e luso-angolanos serão atores de primeira linha na concretização desse desígnio."
Leia na íntegra a intervenção do Embaixador.
VI Encontro Angola | Portugal Business Networking
CCIPA 2023
Luanda, 17 de julho de 2023
Exmo. Senhor Secretário de Estado da Economia, Ivan dos Santos
Exmo. Senhor Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola, João Luís Traça
Minhas senhoras e meus senhores,
É um grande prazer estar aqui hoje, nesta sexta edição do Encontro Angola | Portugal Business Networking organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola. Agradeço à CCIPA, em particular ao seu Presidente João Traça, o convite e a organização deste evento, que já é uma tradição anual na antecâmara da FILDA – Feira Internacional de Luanda.
As empresas portuguesas são o motor do relacionamento económico entre Portugal e Angola e o garante da nossa prosperidade partilhada. Esta é uma realidade insuperável e com que me tenho confrontado nas muitas dezenas de visitas e reuniões com empresas e empresários portugueses que efetuei desde que me encontro em Angola.
As empresas portuguesas, empresas de capitais mistos ou empresas de direito angolano com liderança portuguesa, são indubitavelmente os atores principais na criação de riqueza e atração de investimento para os nossos dois países. Isto é fruto do trabalho, dedicação e esforço de centenas de empresários portugueses e angolanos – muitos dos quais aqui presentes hoje – a quem eu deixo um sentido reconhecimento.
Depois de um período difícil com a conjuntura pandémica – ao qual muitas das nossas empresas resistiram sem fechar portas, contribuindo para a resiliência da economia angolana, preservando também muitos empregos em Angola – 2022 foi um ano de clara retoma.
As exportações de bens e serviços de empresas portuguesas para Angola atingiram os 2,4 mil milhões de euros, um crescimento de quase 60% face a 2021 e já muito próximo dos valores de 2018. Angola continua a ser o terceiro mercado extra-UE mais importante para Portugal e o nosso 9.º destino exportador mais relevante.
De acordo com estatísticas preliminares, 2022 foi também o primeiro ano, pelo menos desde 2017, em que se verificou um incremento nos operadores económicos portugueses que exportam para Angola. Temos neste momento mais de 4500 empresas portuguesas a exportar para Angola e cerca de 1200 empresas de origem portuguesa ou capitais mistos a operar diretamente no mercado angolano.
Nos primeiros 4 meses de 2023, também vimos manter-se esta tendência positiva, com as exportações de bens e serviços a crescerem 12,3% face ao período homólogo, atingindo os 775 milhões de euros. Este bom momento estará refletido na FILDA, onde o pavilhão de Portugal terá uma representação significativa.
Para além da notória retoma das trocas bilaterais, Portugal tem apostado no reforço do contributo para o esforço de diversificação económica de Angola. Haverá algum outro parceiro de Angola que se nos compare, em termos de diversificação da economia e, sobretudo, no que se refere ao lastro que as nossas empresas vão deixando no tocante à formação do capital humano? Nas empresas que tenho visitado, fico impressionado com a aposta que tem sido feita na capacitação dos trabalhadores angolanos, designadamente dos quadros técnicos e superiores.
Depois do trabalho de estabilização da Linha de Financiamento Portugal-Angola durante o último ano, o Governo português deu um importante sinal de confiança à economia angolana através do alargamento do seu plafond de 1500 para 2000 milhões de euros. As visitas do Ministro das Finanças e do Primeiro-Ministro foram decisivas a este respeito. Angola pode contar com Portugal. O reforço da linha é um sinal inequívoco de confiança em Angola e é também uma medida que permitirá reforçar a capacidade de atuação e de investimento das empresas portuguesas neste país.
Com o propósito de atrair mais investimento português e mostrar as oportunidades de negócio em Angola, os Governos dos nossos países – através da AICEP, AIPEX e do Banco Caixa Angola – realizaram um Fórum Económico no Porto em maio. Foi um evento que comprovou a intensidade das relações económicas bilaterais e reuniu centenas de pessoas. Espero também que possa ter contribuído para abrir novas oportunidades de negócio.
Foi também a pensar nas necessidades das nossas empresas e da comunidade portuguesa que foi formalizado, em maio, o Compromisso de Benguela, tendo em vista a entrada em vigor da Convenção sobre Segurança Social, a 1 de janeiro de 2024. Com efeito, a mobilidade não se limita à questão dos vistos. Este avanço decisivo na concertação entre os regimes de segurança social terá um impacto concreto para os muitos milhares de portugueses que trabalham em Angola e facilitará a mobilidade laboral entre os dois países. Trata-se de uma questão da mais elementar justiça, baseada no princípio da reciprocidade.
Esta será também uma condição essencial para atrair talento, novos investimentos, melhorar o ambiente de negócios e a confiança das nossas empresas. Para dinamizar a mobilidade laboral entre os nossos países é preciso criar as condições para que os nossos cidadãos e as nossas empresas tenham a vida facilitada, em ambos os países, e possam prosperar.
É por isso que tenho repetido frequentemente o lema de que para atrair para Angola novos investimentos e empresas portuguesas é preciso, antes de mais, acarinhar as empresas e empresários que cá estão e que cá permaneceram nas horas boas e nas horas menos boas, e que constituem o tecido vivo da nossa relação económica.
Estamos agora a atravessar um período de alguma incerteza e de desafios na frente económica, com uma conjuntura difícil em termos de variação cambial e de controlo da inflação. Esperamos que as medidas estabilizadoras que estão a ser aplicadas pelo Governo angolano surtam efeito.
As nossas empresas estão aqui para ajudar a fazer acontecer a mudança e darão resposta ao repto da diversificação económica. Sei que assim será, sem medo, com confiança em Angola, nos angolanos e no futuro das nossas relações fraternas, que vivem também de bons negócios, da criação de riqueza, do reforço da capacidade produtiva de Angola – nomeadamente em setores chave como o agroalimentar - e dos muitos empregos que é necessário gerar neste país, para dar resposta aos anseios da sua população jovem. Juntos vamos construir esse espaço de prosperidade partilhada e de desenvolvimento humano que todos ambicionamos. Os empresários portugueses e luso-angolanos serão atores de primeira linha na concretização desse desígnio.
Concluo com a garantia de que continuamos empenhados em trabalhar para responder aos anseios da comunidade portuguesa, e em especial dos empresários a quem hoje me dirijo, no sentido de construirmos uma relação entre Portugal e Angola cada vez mais sólida, dinâmica e cúmplice.
Para as nossas empresas e empresários as portas da Embaixada estarão sempre abertas, nomeadamente através da AICEP, na pessoa do seu Delegado, João Falardo, cujo trabalho incansável desde que chegou a Luanda não posso deixar de reconhecer. Do meu lado, continuarei a procurar construir pontes entre os dois países, sempre com os olhos postos na consolidação dos laços entre os nossos governos e povos. Temos uma relação muito especial – eu diria mesmo única - e é um privilégio poder servir Portugal em Angola.
Muito obrigado.
Francisco Alegre Duarte
Embaixador de Portugal em Angola